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Transporte de cargas valiosas atrai companhias de segurança

18 Dez

Mário Baptista, diretor geral da Protege, planeja investir R$ 10 milhões para ter frota de 25 caminhões até 2015

A empresa de segurança brasileira Protege e a espanhola Prosegur investem no transporte de cargas valiosas, um segmento que por muito tempo foi dominado pela americana Brinks no Brasil. Existe uma demanda crescente por parte de indústrias, varejistas, governos e bancos que contratam o serviço para levar cargas visadas por bandidos como insumos, alimentos, eletroeletrônicos, artigos de luxo, documentos e dinheiro.

A Protege começou a atuar no segmento há um ano, tem quatro caminhões e planeja investir R$ 10 milhões para ter 25 unidades em operação nos próximos três anos. A Prosegur espera ter uma frota de dez caminhões até o fim de 2013. A Brinks opera nesse segmento com 22 caminhões e 14 vans. Como os carros-fortes, os veículos são blindados e, por exigência de lei, tripulados por quatro vigilantes armados e treinados, dispensando escolta.

Para a Protege e a Prosegur, com forte atuação em transporte de valores, entrar nesse mercado significa ampliar a atuação para áreas não alcançadas pelo carro-forte, pelas restrições de tamanho do veículo e por este se concentrar quase que totalmente no transporte de malotes de dinheiro. Já a Brinks iniciou sua atuação com o transporte de cargas especiais e depois partiu para carros-fortes. Fundada há mais de 150 anos nos Estados Unidos, a empresa chegou ao Brasil em 1966.

De acordo com Roberto Martins, gerente de logística global da Brinks, esse serviço avança 30% ao ano e a companhia aumenta sua frota de acordo com a demanda. Martins vê um grande potencial nesse mercado com o crescimento econômico do Brasil nos últimos anos e o avanço de mercados como o de artigos de luxo.

Novos negócios, como o comércio eletrônico, também usam esse serviço para transportar produtos dos centros de distribuição. Para as varejistas, o frete representa cerca de 7% do preço de um produto vendido pela internet, de acordo com uma grande empresa de comércio virtual. Os valores dos contratos de transporte variam de acordo com o trecho, região e grau de risco, entre outros fatores. A procura pelo serviço cresce em datas fortes para o comércio, como o fim de ano.

O aumento do roubo de cargas em rodovias brasileiras ajuda a explicar a preocupação das empresas em proteger seus bens transportados. Levantamento da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) mostra que, no primeiro semestre deste ano, o Estado, que concentra mais da metade das ocorrências do país, registrou avanço de 17% nos roubos em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com Autair Iuga, presidente do Sindicato das Empresas de Escolta do Estado de São Paulo (Semeesp), cerca de 75% dos roubos no Estado de São Paulo ocorrem a 150 km da capital, em cidades como Campinas, Jaguariúna, Sumaré e Jundiaí.

Em 2011, o número de ocorrências cresceu 5,7% no Brasil em 2011 em relação ao ano anterior, segundo dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC). No período, foram registradas 13 mil ocorrências no valor de R$ 920 milhões. Cerca de 85% dos roubos são registrados no Sudeste. "Com o forte crescimento do Norte e Nordeste, percebemos situações de incremento importante nessas regiões", diz Sergio França, diretor do negócio de logística de valores da Prosegur.

Para Mário Baptista, diretor geral do grupo Protege, mais importante que o valor roubado, é o prejuízo para uma indústria que precisa parar a produção, no caso de furto de matéria-prima, por exemplo. Segundo Martins, da Brinks, o caminhão blindado com vigilantes a bordo é mais seguro do que um veículo seguido de carro de escolta. "É muito fácil o ladrão tirar a escolta de operação", diz. França, da Prosegur, diz que o serviço de transporte de cargas especiais é importante para ampliar o leque da empresa e oferecer um serviço completo, que une serviços geralmente vendidos de forma separada, como transporte, escolta, tecnologia embarcada e gestão de risco em uma só solução.

"A gente transporta uma infinidade de produtos", conta Martins. Alguns deles, pelo peso histórico e emocional, ou até mesmo por serem insubstituíveis, não têm um valor que possa ser colocado na ponta do lápis. É o caso da taça da FIFA, um violino Stradivarius, uma obra de arte ou de documentos como o original da carta de Pero Vaz de Caminha. A Brinks também transporta moeda estrangeira e nacional, quando os bancos fazem grandes transferências. A empresa tem um time de cerca de 150 pessoas dedicadas ao negócio de cargas especiais no Brasil e também transporta esse tipo de carga por avião para 122 países, segundo o executivo.

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