Menos armas e menos mortes
27 Abr
No último dia 6, completou um ano do massacre ocorrido em uma escola municipal em Realengo, Rio de Janeiro. Absolutamente trágico, o episódio reforçou a urgência da implementação de verdade da polÃtica de controle de armas determinada no Estatuto do Desarmamento.
Wellington cometeu as atrocidades com duas armas, uma roubada de uma pessoa na década de 90 que comprara para se defender, outra vendida por um segurança privado. Nesta ocasião, o governo federal lançou uma nova campanha de entrega voluntária de armas. A campanha trouxe importantes avanços como a garantia do anonimato da pessoa e a indenização imediata por meio de retirada em caixas eletrônicos do Banco do Brasil. Medida absolutamente necessária, mas insuficiente para reduzir a quantidade e controlar as armas em circulação no paÃs.
É imperativo que o governo federal invista num sistema de informação confiável e integrado contendo informações sobre produção, vendas e armas em circulação. Este sistema deve ser compartilhado entre órgãos responsáveis pelo controle de armas no paÃs possibilitando a elaboração de programas efetivos. Além disso, é fundamental que as categorias com acesso à s armas de fogo como empresas de segurança privada, colecionadores, atiradores e caçadores sejam rigorosamente fiscalizados pelos órgãos competentes impedindo que as armas sejam desviadas para a ilegalidade. Também é preciso que as polÃcias apreendam armas nas mãos de criminosos por meio de operações desenhadas para este fim.
O Congresso Nacional também precisa zelar para que o Estatuto do Desarmamento não seja desvirtuado de seu espÃrito de controle e restrição de armas de fogo, não se deixando levar por pressões e interesses privados de grupos que apenas se preocupam com o lucro e não com a segurança de todos os cidadãos brasileiros.
Que o marco de um ano da tragédia de Realengo nos lembre dos 50 mil homicÃdios por ano que ainda acontecem no nosso paÃs e não nos deixe esquecer de que precisamos reduzi-los. Controlar as armas é um passo fundamental para que isso aconteça.
Melina Risso e Luciana Guimarães são diretoras do Instituto Sou da Paz