Cientistas polÃticos avaliam discurso de posse de Dilma Rousseff
03 Jan
O Bom Dia Brasil ouviu dois especialistas. São dois professores de ciência polÃtica, que analisaram os principais trechos do primeiro discurso da presidente Dilma Rousseff e apontaram os principais desafios.
No discurso de posse no Congresso nacional, a presidente Dilma Rousseff disse que vai se empenhar para melhorar o Sistema Único de Saúde (SUS). “Vou acompanhar pessoalmente o desenvolvimento desse setor tão essencial para o povo brasileiro. O SUS deve ter como meta a solução real do problema que atinge a pessoa que o procuraâ€, afirmou.
A presidente elegeu uma prioridade para o seu mandato: “A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todosâ€.
“É um discurso de desenvolvimento, de igualdade, de distribuição de renda e de reforço à democraciaâ€, analisa o professor de ciência polÃtica da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, Francisco Fonseca.
Dilma Rousseff afirmou que as reformas polÃtica e tributária são necessárias e devem ser feitas o quanto antes.
“É, portanto, inadiável a implementação de um conjunto de medidas que modernize o sistema tributário, orientado pelo princÃpio da simplificação e da racionalidade. Na polÃtica, é tarefa indeclinável e urgente uma reforma com mudanças na legislação para fazer avançar nossa jovem democraciaâ€, disse a presidente.
“Quanto à reforma tributária, já houve vários remendos, mas jamais uma reforma, porque também há muita oposição, sobretudo dos grupos privilegiadosâ€, acrescenta o professor Francisco Fonseca.
“São duas reformas de intensa negociação, com muita resistência para que sejam feitas. Vai depender, sobretudo, da firme disposição de procurar fazê-las, e não desistir no meio do caminhoâ€, observa Carlos Melo, professor de polÃtica do Instituto de Ensino e Pesquisa em São Paulo (Insper-SP).
Dilma Rousseff vai comandar uma das economias que mais crescem no mundo, mas os especialistas dizem que o ritmo do crescimento em 2011 deverá ser menor. A presidente poderá logo no inÃcio do governo mandar cortar gastos e aumentar os juros para conter a inflação.
“Já faz parte, aliás, da nossa cultura recente a convicção de que a inflação desorganiza a economia e degrada a renda do trabalhador. Não permitiremos, sob nenhuma hipótese, que esta praga volte a corroer nosso tecido econômico e a castigar as famÃlias mais pobresâ€, afirmou a presidente Dilma Rousseff.
“Responsabilidade fiscal deve conviver com responsabilidade social. Não basta um paÃs ser solvente do ponto de vista econômico e suas crianças morrerem de fome. Acho que isso está muito presente no discurso da presidenta Dilmaâ€, aponta o professor da FGV, Francisco Fonseca.
Na área da segurança pública, defendeu ações conjuntas contra o crime. “Meu governo fará um trabalho permanente para garantir a presença do Estado em todas as regiões mais sensÃveis à ação da criminalidade e das drogas, em forte parceria com estados e municÃpiosâ€, declarou Dilma Rousseff.
A presidente disse que é possÃvel conciliar desenvolvimento e preservação ambiental: “Considero uma missão sagrada do Brasil a de mostrar ao mundo que é possÃvel um paÃs crescer aceleradamente sem destruir o meio ambienteâ€.
“Isto é possÃvel ser feito. Mas, para isso, precisa ter planos, projetos e sensibilidade social e ambientalâ€, lembra o professor da FGV, Francisco Fonseca.
A presidente afirmou que vai dar continuidade à polÃtica externa do governo Lula. Muitos representantes estrangeiros acompanharam o primeiro discurso da presidente Dilma Rousseff. “Meu governo continuará engajado na luta contra a fome e a miséria no mundo. Nossa tradição de defesa da paz não nos permite qualquer indiferença frente à existência de enormes arsenais atômicos, à proliferação nuclear, ao terrorismo e ao crime organizado transnacionalâ€, afirmou.
“Acho que há uma tendência de algum afastamento em relação ao Irã. Acho que nós podemos começar um diálogo novo com Estados Unidos, com o presidente Obama. Aliás, chamou a atenção o cuidado e a simpatia no encontro com Hillary Clinton na hora em que as autoridades internacionais foram cumprimentar a presidente recém empossada. Acho que, na América Latina, o Brasil tende a fazer um esforço de continuar sendo o motor econômico e polÃtico da América Latinaâ€, observa o professor Carlos Melo.