Muros baixos, grades sem proteção, ausência de câmeras e número reduzido de vigilantes. É desta forma que funcionam alguns dos fóruns da Grande São Paulo. Duas casas de Justiça do estado foram roubadas nos últimos 15 dias e, como pode comprovar a reportagem do Bom Dia São Paulo, os alvos não foram escolhidos à toa pelos criminosos.

Nos fóruns ficam guardadas provas de crime que estão em julgamento, entre elas diversas armas. São áreas de segurança que exigem proteção permanente, mas não é o que acontece nos fóruns da Lapa, na Zona Oeste da capital paulista, e de Osasco, na região metropolitana, por exemplo. Em ambos o esquema de segurança deixa a desejar.

Na Lapa, o muro é baixo e a cerca, que deveria aumentar a segurança, cobre apenas poucos metros. Depois do obstáculo, apenas uma parede de vidros separa um intruso do interior do fórum. Também não era possível ver nenhuma câmera no entorno do prédio.

As entradas do fórum regional, por uma rua lateral, são protegidas só por uma corrente e, enquanto a equipe do Bom Dia São Paulo esteve no local, ninguém fazia a vigilância do lado de fora. A guarita do suposto segurança estava vazia.

Em Osasco, apenas uma grade separa a rua da entrada do fórum. Lá, a reportagem tampouco encontrou câmeras que monitoram a movimentação. Um dos vigias que trabalhava no local disse que conta com a ajuda da polícia para fazer a segurança.

A situação é ainda pior na parte lateral do fórum, onde dois prédios vizinhos estão sendo construídos. O terreno é guardado apenas por tapumes finos, baixos e muito mato. O local é pouco iluminado e dá acesso a um estacionamento exclusivo para juízes e promotores, na parte de trás da casa. Não há nada que separe os dois espaços.

Dos fóruns visitados pela reportagem, apenas o regional do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, tinha esquema de segurança diferenciado - pelo menos do lado de fora. O prédio conta com câmeras de vigilância e os muros que o circundam são altos e protegidos com cerca de arame farpado.

Roubos

Os fóruns de Guarujá, no litoral paulista, e Diadema, na região do ABC, foram alvos de bandidos nos últimos 15 dias. No segundo, três bandidos encapuzados dominaram os vigilantes, serraram cadeados e passaram por três portas para roubar 391 armas, entre pistolas, révolveres, submetralhadoras e até um fuzil que estavam no depósito.

Após os crimes, o governador Geraldo Alckmin disse que as armas não deveriam estar nos fóruns. É que, desde junho do ano passado, as armas provas de crime devem ser armazenadas em batalhões da Polícia Militar (PM). Lá elas permanecem enquanto forem úteis para os processos penais e, depois, são encaminhadas ao Exército e destruídas.

Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado disse que as polícias Civil e Militar estão encarregadas da investigação dos roubos e da recuperação das armas levadas. Nos quatro primeiros meses deste ano, 51 armas foram apreendidas em São Paulo ao todo. Neste ritmo, a polícia precisaria de dois anos e mio para recuperar o armamento roubado no ataque ao Fórum de Diadema, por exemplo.