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Cofre de banco vai pelos ares

01 Dez

Até o final da tarde de ontem, a equipe do delegado Ivanildo Santos, diretor da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), da Polícia Civil, ainda tinha poucas pistas sobre a quadrilha que explodiu, na madrugada de ontem, o cofre e parte do prédio da agência do Banco do Brasil de Curuçá, localizado a cerca de 130 quilômetros de Belém. A ação durou aproximadamente 40 minutos e contou com a participação de pelo menos 10 bandidos, todos armados com fuzis, pistolas e revólveres de calibre 38.

Antes de ir para a agência bancária, integrantes do bando foram para a delegacia de polícia de Curuçá e para o destacamento da Polícia Militar. Lá eles encurralaram a tiros dois investigadores e cinco PMs. Uma granada foi jogada no telhado do prédio da polícia, e a televisão do destacamento foi destruída por um tiro de fuzil. Depois, os bandidos fizeram reféns quatro vigias que estavam sentados em frente ao prédio da prefeitura de Curuçá, que fica perto da agência e invadiram o banco.

Foi instalada uma carga de explosivo no cofre, mas a explosão não conseguiu abri-lo. Foi feita uma segunda tentativa, que também falhou. Na terceira, já com uma quantidade muito maior de explosivos, toda a sala onde ficava o cofre ficou destruída. O impacto abriu brechas nas paredes e arremessou para longe móveis e o telhado. O bando recolheu aproximadamente R$ 30 mil que estavam no cofre, levou dois reféns no carro usado no assalto, um Fiat de cor cinza, foi buscar os parceiros que encurralaram policiais na delegacia e no destacamento da PM, e fugiu, possivelmente utilizando uma van de cor vermelha.

De acordo com o delegado Ivanildo Santos, se percebe que a quadrilha tem estrutura, pois usou explosivo e armamento pesados. "Esse tipo de ação já ocorreu em outras cidades do interior paraense e em outros Estados, no Maranhão, Ceará e Piauí. Portanto, já podemos fazer uma ligação desta ação com a praticada por algumas quadrilhas de outros Estados que já agiram aqui no Pará", completou. Ele destacou, no entanto, que seria prematuro dizer se esta foi uma ação ligada ao crime organizado. Ele garantiu também que é cedo para afirmar que a ação em Curuçá está ligada a um braço do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que tem sua base em São Paulo.

Polícia investiga suspeito flagrado com revólver prateado
Ivanildo Santos disse que apesar de a quadrilha ter usado explosivo e armamento pesados (inclusive fuzis 762 e 556, de uso exclusivo das Forças Armadas), o planejamento da ação criminosa falhou: "O cofre tinha pouco dinheiro, e os bandidos tentaram explodir o cofre por três vezes. Na terceira vez, exageraram na quantidade de explosivo, que quase destrói todo o prédio da agência. Isso faz com que a gente perceba que eles não tinham tanto conhecimento com explosivo". "É comum a ação de quadrilheiros do nordeste brasileiro em terras paraenses, por isso que os bandidos tinham um sotaque tipicamente nordestino", ressaltou o delegado.

Segundo uma funcionária do Banco do Brasil de Curuçá, na última sexta a agência recebeu R$ 200 mil, mas a maior parte desse dinheiro estava nos quatro caixas eletrônicos, para ser sacado por aposentados e pensionistas da cidade. A quadrilha, porém, não sabia disso, achava que tudo estava dentro do cofre.

Prisão - Ontem, na vila do Abade, em Curuçá, foi preso Paulo Sérgio Vieira, o "Cearazinho", de 26 anos. Com ele a Polícia Civil encontrou um revólver prateado, de calibre 38, igual ao que um dos bandidos usava durante o assalto. Um celular com fotos de várias armas também foi encontrado com o jovem.

"A priori esse rapaz está preso por porte ilegal de arma, e ele será autuado em flagrante por esse crime. Vamos investigar se ele teve ou não participação no assalto ao Banco do Brasil de Curuçá", disse Ivanildo Santos. Um dos vigias feito refém teria reconhecido "Cearazinho" como o criminoso que portava o revólver prateado.
Vigia foi agredido e outros receberam ameaças de morte
Na manhã de ontem, o assalto ao Banco do Brasil em Curuçá dominou as conversas dos moradores do lugar.

Para Glebson Neves Brito, Jhonny Couto, Aglisson Evangelista e Edmilson Jorge Barata, no entanto, o dia foi particularmente difícil. Vigias, eles foram feitos reféns quando estavam em frente ao prédio da prefeitura e levados para o banco. Um dos bandidos mandava que eles rezassem, ameaçando matá-los. Enquanto dois os mantinham sob a mira de fuzis, três bandidos entraram na agência, quebrando as portas de vidro. Um dos criminosos do lado de fora do banco atirava contra qualquer pessoa que visse na rua.

Glebson chegou a levar uma coronhada de fuzil no peito. "Quando eles colocaram o explosivo, mandaram a gente se deitar no chão e não olhar pra eles. Teve a segunda explosão e a terceira, mais forte, e a gente bem perto de tudo", relembra. Ele disse que quando saíram de dentro da agência, carregando quatro sacos com dinheiro, todos os bandidos festejavam e diziam que "a polícia perdeu".

Dois dos reféns foram levados no carro, sentados no porta-malas, sobre os sacos com dinheiro. Eles foram para o destacamento da PM, onde o bando pegou seus comparsas, deixando lá os reféns.

"Eles deram tiros pro ar e mandaram a gente correr. Nem precisava dizer isso", declarou uma das vítimas da quadrilha.

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