Cancelar
Acesso CNTV

Explosões de caixas deixam trabalhadores apreensivos

26 Set

Trabalhadores de postos de combustíveis, supermercados e outros estabelecimentos que abrigam caixas eletrônicos estão apreensivos e preocupados com o risco representado por esses equipamentos diante da ofensiva dos criminosos, que têm usado explosivos para abrir os equipamentos. Recentemente, O LIBERAL noticiou que muitos desses estabelecimentos têm preferido não oferecer mais o serviço bancário.

A frentista D.C., que trabalha em um posto de combustível que fica na Avenida Antônio Pinto Duarte, em Americana, nas proximidades da saída para a Rodovia Anhanguera, explicou que o ambiente após esse tipo de ocorrência é de apreensão. "É um clima chato, pesado, sem contar o cheiro de pólvora. A gente fica com medo porque não tem segurança", disse.

A explosão provocada pelos bandidos para abrir o caixa, ocorrida na madrugada do dia 1º deste mês, foi tão forte que destruiu totalmente a loja. O comércio continua fechado e não tem previsão de ser reaberto, visto que a empresa precisará ser reformada por completo.

"Pelo que o patrão falou não tem mais interesse em ter esse equipamento (caixa eletrônico) aqui não", disse.

A preocupação com a vida também afasta a direção de um supermercado em Sumaré dos caixas eletrônicos. A explosão aconteceu na madrugada do dia 28 e destruiu, além do equipamento, parte da loja. Mas a preocupação maior é com a segurança.

"Graças a Deus, não houve nenhum tipo de prejuízo humano", disse o gerente do administrativo da rede de supermercados, que pediu para não ser identificado. Ele esclareceu que o supermercado ainda disponibiliza outros caixas, mas já foi pedido para que sejam retirados.

Mas ele lembrou também que o prejuízo financeiro provocado pela explosão também ocorre, em grau menor, posteriormente à retirada do caixa. "Tem muita gente que vinha utilizar o equipamento e acabava comprando algum tipo de produto", afirmou.

O interior de São Paulo tem concentrado esse tipo de ocorrência. De acordo com reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", para cada ataque dessa natureza registrado na Capital, ocorrem 13 no interior. Entre 1º de janeiro e 17 de agosto deste ano, foram registradas 494 ocorrências de roubos ou furtos de caixas eletrônicos.

Em nota enviada à redação do LIBERAL, a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) lamentou o pedido de retirada dos equipamentos.

"A Febraban lamenta a medida que compromete o serviço de correspondente bancário, tão útil para a população, mas principalmente para os moradores das periferias dos grandes centros, pois a maioria dos estabelecimentos comerciais não tem condições de arcar com o custo de manter vigilantes em suas dependências", diz trecho da nota.

A entidade informou ainda que estuda alternativas para inutilização das cédulas roubadas e novas soluções para os caixas eletrônicos, "procurando se antecipar a novas investidas do crime contra a segurança de seus clientes".

Investigação prejudicada

Para o delegado do 2º Distrito Policial de Santa Bárbara dOeste, Rômulo Gobbi, a falta de policiais prejudica diretamente as investigações desse tipo de crime. O baixo efetivo o levou, inclusive, a enviar um ofício às autoridades responsáveis pelas esferas superiores da Polícia Civil.

Ele cita como exemplo o próprio distrito que comanda. Lembra que, em 1990, a resolução estadual previa que o departamento tivesse dois delegados, cinco escrivães, seis investigadores, dois carcereiros e dois agentes policiais.

No total, seriam 17 funcionários. Na época de sua criação, o distrito atendia a metade da população que atende atualmente - cerca de 90 mil pessoas. Ainda assim, o 2º DP barbarense conta apenas com sete funcionários - dez a menos que o previsto pela resolução.

Segundo o delegado, o baixo número de policiais cria um vácuo entre as duas fases do policiamento - preventivo e repressivo. É na fase repressiva que a investigação acontece. E, segundo o delegado, não é possível investigar adequadamente com número de policiais abaixo do ideal.

Reportagem do LIBERAL de novembro de 2010 mostrou que o déficit de policiais civis na área do Deinter 9 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), com sede em Piracicaba, que abrange a Delegacia Seccional de Americana, era de 800 policiais civis.

Concursos em andamento

A Secretaria Estadual de Segurança Pública informou, por meio de nota, que recompõe constantemente seus efetivos policiais. "Desde o começo da gestão, em 2007, são mais de 20 mil novos policiais civis, militares e técnico-científicos entre os efetivamente contratados e as vagas autorizadas em concursos".

A secretaria informou que há quatro concursos em andamento na Polícia Civil para selecionar 1.053 investigadores, 484 escrivães, 140 delegados e 220 agentes de telecomunicação. A secretaria afirmou ainda que a corporação já recebeu o reforço de 200 policiais, transferidos do Detran (Departamento Estadual de Trânsito).

Segundo a SSP, a transferência da escolta de presos para a Polícia Militar "permite aos policiais civis dedicar mais tempo às investigações criminais", afirma a nota.

A pasta alegou ainda que transferiu metade do efetivo de grupos especializados para reforçar as investigações nos distritos policiais e aperfeiçoou os sistemas informatizados de registro de ocorrência que, segundo a secretaria, permite identificar com precisão os locais e horários em que os crimes mais ocorrem, no chamado Mapa da Criminalidade.

0 comentários para "Explosões de caixas deixam trabalhadores apreensivos"
Deixar um novo comentário

Um valor � necess�rio.

Um valor � necess�rio.

Um valor � necess�rio.Mínimo de 70 caracteres, por favor, nos explique melhor.