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Pai de segurança assassinado em boate diz que colete à prova de balas evitaria tragédia

13 Set

Dor e revolta marcam o velório de Jhon Eder Gonçalves, 33 anos, segurança da boate Voodoo, no centro de Campo Grande, assassinado a tiros após confusão com clientes que criaram tumulto no local.

Familiares, amigos e colegas de profissão reclamam da falta de condições de trabalho para os seguranças. O pai da vítima, Luversídio Gonçalves de 65 anos, avalia que se o filho estivesse usando colete à prova de balas, a tragédia teria sido evitada.

Duas pessoas estão presas. Trata-se do segundo caso de morte de segurança de boate na Capital, neste ano. Em 19 de março, a vítima foi Jefferson Bruno Escobar, o Brunão, 23 anos.

O corpo de Gonçalves está sendo velado na Pax Universo, na Rua 13 de Maio, em frente a Santa Casa. A previsão é de que o sepultamento ocorra pouco depois das 10 horas no Jardim da Paz na saída para Sidrolândia.

O crime aconteceu na madrugada de domingo quando Gonçalves expulsou da boate, com ajuda de outros seguranças, um grupo de rapazes que tumultuaram o local, após um dos integrantes roubar uma garrafa de vodca.

Amigo abandona a profissão

Amigo e colega de trabalho de Gonçalves, o segurança João Antônio dos Santos, 32 anos, está deixando a profissão.

Ele estava no local no momento da tragédia e foi agredido pelo rapaz que roubou a garrafa de vodka. “Serei qualquer outra coisa, menos segurança”, afirma.

“A gente trabalha de peito limpo sem segurança nenhuma. Nós cuidamos da segurança e da vida de outras pessoas, mas a nossa está sempre em risco”, completa.

Ele relata que um dos rapazes do grupo de 12 roubou o litro de vodka e quando foi cobrá-lo sobre o delito acabou agredido com a garrafa na cabeça.

Cinco seguranças tentaram tirar o rapaz do local, foi quando a confusão tomou conta do local.

Seis rapazes deixaram o interior da boate e outros seis permaneceram chutando portas. Os seguranças se esforçaram para retirar os rapazes do ambiente.

Já na porta do estabelecimento, quando permanecia tentando retirar o grupo da boate, Gonçalves foi atingido pelos disparos.

Dois rapazes estavam armados do lado de fora do estabelecimento e um deles atirou no segurança, que morreu a caminho do posto de saúde.

“Meu amigo era um pai de família (...) Nós seguranças, não temos segurança alguma, nem armas e nem coletes. Não quero mais continuar nesta profissão”, diz Santos.

Pai aconselhava filho a deixar profissão

Luversídio Gonçalves aconselhava o filho mudar de profissão justamente por causa dos riscos.

“Eu pelejava para ele virar motorista de taxi. Ele gostava de ser segurança. Trabalhava nisso há 10 anos. Eu sempre tentava mostrar o risco de vida que ele corria”, relata.

O pai da vítima diz que a ação da PM foi rápida, mas lamenta que quem causou a confusão (no caso o rapaz que roubou a garrafa de bebida) ainda esteja em liberdade.

Quatro rapazes foram presos, dois foram soltos e dois continuam presos. Estão detidos Diogo Ferreira de Souza, 23 anos, e Janquiel Marques da Silva Júnior, 22 anos.

Luversídio Gonçalves pretende se unir aos familiares de Brunão para protestar contra as mortes de seguranças. “Se meu filho pelo menos estivesse com o colete à prova de bala, isso poderia ter sido evitado”, reitera.

Esposa deu má notícia à filha

A viúva de Gonçalves, Viviane Kaitter, 36 anos, trabalhava como operadora de caixa na boate Voodoo. Ela e a vítima estavam casados há oitos anos e tem uma filha de seis anos.

“Quando eu ouvi os barulhos do lado de fora da boate, senti que algo ruim poderia ter acontecido com meu esposo”, relembra.

“Depois da morte do Brunão a gente sempre trabalhou sabendo que corria riscos”, completa. O casal conhecia o segurança morto em março.

A viúva relata ainda que foi difícil contar para a filha do casal. “Saímos para trabalhar e voltamos com uma notícia ruim para ela”, relata.

Viviane diz que não pretende mais voltar à boate. “As lembranças serão muito fortes. Ainda não sei como recomeçar minha vida”, comenta.

Assim como o sogro, ela também pretende se unir às manifestações da família de Brunão, para que seguranças tenham melhores condições de trabalho.

Brunão foi morto com golpes de jiu-jitsu desferido por Christiano Luna Almeida, de 23 anos, que estava visivelmente bêbado.

O fato ocorreu na madrugada do dia 19 de março em um bar localizado na avenida Afonso Pena com a rua José Antônio, próximo ao Obelsico, em Campo Grande.

Desde então, a família de Brunão realiza manifestações públicas no Centro de Campo Grande todos os meses para que o caso não caia no esquecimento.

O acusado pelo homicídio responde o processo em liberdade.

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