O delegado do município de Santa Quitéria, a 223 quilômetros de Fortaleza, Kim Barreto, dormia à 1 hora, quando três encapuzados arrombaram a agência do Banco do Brasil em Hidrolândia, a 288 quilômetros da Capital. O destacamento policial, a quatro quadras do banco, também passava por maus bocados.

Os três policiais militares adormecidos foram surpreendidos por disparos de pistola contra a viatura estacionada em frente ao prédio. As ameaças do lado de fora cercaram o efetivo, não levou mais de 15 minutos para irem embora. Antes disso, dois projéteis foram disparados contra o carro, ninguém saiu ferido.

Quando o delegado se locomoveu ao município vizinho, levou consigo cinco policiais militares e um inspetor. Mal chegavam à Hidrolândia, cruzaram o Fox vermelho, placa de São Paulo-SP EBO1127, com fugitivos. Os homens escapavam pela estrada de barro, quando se depararam com as duas viaturas. A freada brusca chamou a atenção dos policiais. Houve troca de tiros. Os fugitivos evadiram do veículo e sumiram pelo mato.

Para trás, deixaram colete à prova de balas com brasão do estado, munição calibre 12 deflagrada, munição calibre nove intacta, dois litros de gasolina, dois pés de cabra, máscaras, luvas, seis espoletas e demais materiais para manufatura dos explosivos. “A diferença desse crime para os demais semelhantes acontecidos no interior do Ceará é a tentativa de utilizar o explosivo plástico, em vez da pólvora�, observa o delegado.

Testemunha dos dez minutos de ação, apenas o vigia noturno Edmilson Feitora, de 56 anos. Foi puxado pelo colarinho por um dos homens, não reconheceu ninguém devido às máscaras. “Não me machucaram. Fiquei perto deles enquanto eles tentavam explodir os caixas. Quando acendiam a bomba, saiam da agência e me levavam junto. Depois voltávamos. Quando acabou, fui liberado. Ainda fiquei trabalhando até as quatro da manhã�, relata.

As câmeras da agência, por outro lado, também registraram o ocorrido, mas tampouco conseguiram identificar os mascarados. O gerente da agência, José Goiano, de 48 anos, relatou o vídeo para O POVO e reportam a desistência dos homens depois de dois explosivos falharem. Nenhum dinheiro foi levado.

Esquadrão Anti-Bomba

Ao lado do comandante do Comando de Policiamento do Interior (CPI), Coronel Sérgio Cabral, estava ainda o comandante do Batalhão de Choque, o Major Alexandre. A missão do choque era isolar perímetro ameaçado pelas bananas de dinamite, esperar a força tática e desarmar bombas não deflagradas. Às 16 horas, a ação estava terminada.

Das três bananas restantes, uma estava dentro do caixa, e não houvera sido disparada. Dois explosivistas amarraram o artefato e o puxaram desde o lado de fora da janela. Depois de repousada sobre esponja, a banana esperou meia hora para ser removida até local seguro onde pôde finalmente explodir.

Onde

ENTENDA A NOT�CIA
Em Hidrolândia, habitantes costumam passar a sesta nas calçadas. Tanto que às vistas do perímetro com riscos de explosão, ninguém sobressaltou, todo mundo do lado de fora de casa, sem jeito curioso ou ar de susto. Era uma vez uma cidade sem assaltos a banco.

SAIBA MAIS

Momentos da ação em Hidrolândia

Medo
Em frente à agência e dentro do perímetro perigoso de explosão, várias casas observavam os movimentos da Polícia. As pessoas estavam à calçada como nada acontecesse. Na noite anterior, teriam ouvido tiros e explosões mas se disseram amedrontados, por isso não saíram de casa.

Tiros
Conforme a memória do vigia feito refém, os homens armados teriam atirado contra as portas de vidro da agência quando da saída do banco. Antes disso, apenas um explosivo teria explodido. Os vídeos do banco confirmaram a versão.

Viatura
O Destacamento da PM em Hidrolândia estava guarnecido por três policiais adormecidos à uma da manhã quando começaram os tiros do lado de fora do prédio. A viatura estacionada em frente ao prédio foi alvejada pelos encapuzados enquanto gritavam: “Ninguém sai senão leva bala!�. Não houve troca de tiros.