SINTECT-PI constata precariedade de agências dos Correios em todo interior do Estado


A diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos do Piauí (SINTECT-PI) do dia 12 a 23 de julho visitou diversas Agências dos Correios de norte a sul do Estado. Os problemas encontrados vão desde o sucateamento das instalações e dos equipamentos, até a total falta de segurança.

Em Miguel Alves, por exemplo, o descaso é total. As torneiras estão todas entupidas. A única água encontrada no prédio é do ar-condicionado, que goteja o dia inteiro. Os funcionários aproveitam o desmantelo e aparam a água do ar-condicionado com um balde para dar descarga no vaso sanitário.

Praticamente em todas as agências existem problemas em comum, como falta de manutenção dos veículos (carros, motos e bicicletas) e computadores. Em Parnaíba é um caos total. Como não existe oficinas mecânicas conveniadas com os Correios, na maioria das vezes são os próprios trabalhadores da empresa que pagam do próprio bolso a manutenção dos veículos.

Para piorar ainda mais a situação, o número de carteiros é pequeno diante da demanda de correspondências a serem entregues. Além de sobrecarregar os trabalhadores com excesso de serviço, o acúmulo de correspondências atrasadas é um prejuízo para toda a população.

Quanto a segurança, mesmo após decisão da justiça obrigando a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) a adotar medidas de segurança em até 90 dias, até agora nada foi feito. As agências continuam jogadas a própria sorte. Em Barro Duro, por exemplo, não tem nem cofre para guardar o numerário, muito menos um soldado ou vigilante.

Cresce o lucro da empresa à custa da exploração do trabalhador

Todos esses problemas comprometem a qualidade do trabalho e, principalmente, a vida dos trabalhadores, largados em agências sem nenhuma segurança. Nada justifica essa situação, se não o interesse de privatização dos correios.

Como é possível uma empresa pública superavitária, que possui a confiança da população (segundo pesquisa do Ibope), avançar com a precarização das condições de trabalho de seus servidores e, consequentemente, com o sucateamento da qualidade do serviço prestado?

Só no primeiro semestre deste ano a ECT lucrou R$ 499,65 milhões. Esse valor corresponde a um aumento de 48,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Sendo assim, para onde vai esse dinheiro se não tem sido investido em melhorias para a população e muito menos para os trabalhadores da empresa?

A MP 532
A resposta para essa pergunta está na MP 532, assinada pela presidente Dilma, no dia 28 de abril. Essa Medida Provisória abre caminho para a privatização da ECT. Permite a ampliação das terceirizações, a criação de subsidiárias e entrega parte da empresa nas mãos de grandes corporações, interessadas apenas no lucro, deixando a população marginalizada e desprovida de um direito fundamental para a sua soberania.

Caso o governo avance ainda mais com a privatização dos Correios, ao invés do lucro da empresa ser investido em melhorias para toda a população, ficará a serviço apenas de um grupo reduzido de empresários. Ou seja, os interesses de mercado prevalecerão em detrimento da obrigação social.