Um ano após a detenção de dois efectivos das equipas de investigação criminal da PSP de Cascais, o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, tornou pública a acusação que pende contra dois polícias e mais 29 pessoas, entre elas dez polícias da Divisão de Cascais.


Os 31 arguidos no processo são acusados de crimes de tráfico droga, segurança privada ilegal, coação, extorsão e associação criminosa.

No processo, onde estão arroladas 160 testemunhas, assumem particular destaque as operações de segurança privada desenvolvidas pelos polícias, os quais actuavam não só em estabelecimentos nocturnos de diversão, mas também junto de alguns destacados empresários da zona de Cascais.

Aos empresários, os polícias chegavam a assegurar segurança pessoal, cobrando importâncias não especificadas.

Nos bares de alterne – foram referenciados pelo menos três onde o grupo actuava – faziam igualmente segurança mas também aproveitavam para colher informações relativas a clientes que, posteriormente, eram chantageados caso não pactuassem com as suas exigências. Foi, de resto, a partir das relações extraconjugais mantidas com mulheres que trabalhavam nos bares, que algumas das testemunhas agora arroladas acabaram por ser chantageadas e extorquidas.

As acusações referentes a tráfico de droga prendem-se, na maior parte dos casos, com alegadas vendas efectuadas a mulheres que trabalhavam nos bares.

Na acusação, agora deduzida pelo DIAP, diz-se que os dois agentes que terão começado a praticar os crimes, há cerca de seis anos, contaram com a colaboração de diversos superiores hierárquicos, sendo que alguns deles não só sabiam das actividades ilegais como se terão aproveitado do conhecimento da existência das mesmas para chantagearem outros intervenientes no processo.