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Mendigo espancado por segurança da SuperVia na Central do Brasil

16 Mai

No intenso corre-corre da Central do Brasil — onde diariamente circulam cerca de 600 mil pessoas — uma cena de brutalidade ganhou destaque na manhã de ontem. Sem dinheiro, o paulista Gabriel Rosa, de 32 anos, tentava conseguir um salgado nas lanchonetes da estação quando foi surpreendido por um agente da SuperVia, solicitando que deixasse o local. Segundo vendedores que trabalham na área, Gabriel tem pedido trocados ali há semanas. Houve uma discussão quando ele tentou argumentar que estava com fome e que não era do Rio. O bate-boca só terminou quando Gabriel foi arrastado pelo vigilante, Maicon Santos, de 20 anos, após ser imobilizado com um "golpe de gravata", até a saída da gare.

Já próximo aos portões, Gabriel levou um soco no olho e foi jogado na calçada, de rosto no chão. Desacordado e ferido, ele permaneceu caído em uma poça de sangue enquanto os guardas municipais acionavam o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência para socorrê-lo. Ameaçado de linchamento, o funcionário da concessionária deixou o local bem antes da chegada da ambulância.

O estudante Wanderson Awlis chegou a registrar imagens do momento em que Gabriel esperava socorro.

— Quando ele foi agredido com cassetete e socos, começou uma gritaria na estação, as pessoas saíram correndo... Até que o agente o arrastou até a saída e o jogou na calçada, inconsciente e sangrando muito. Foi um triste espetáculo de covardia e violência — disse Wanderson.

Na estação, os atendentes das lanchonetes confirmaram a cena, destacando que não é de hoje o abuso praticado pelos agentes da concessionária:

— Alguns são educados, mas outros vivem agredindo pedintes e vendedores ambulantes — conta Jonas Firmino, que há 11 anos trabalha como lojista no local.

O caso foi registrado na 4 DP (Central). O agente foi ouvido pela polícia ontem, mas o delegado ainda aguarda pelo depoimento de Gabriel, que está internado no Hospital Souza Aguiar.

Vigilante afastado das funções

Em nota enviada ao EXTRA, a SuperVia informou, ontem, que "repudia com veemência a forma como agiu o agente de segurança ontem", confirmando a agressão na Central do Brasil.

A concessionária confirmou que o vigilante — já afastado da função — se envolveu em uma confusão com o mendigo, imobilizando-o em seguida. Mas a empresa diz que Gabriel feriu a cabeça ao cair, sendo encaminhado ao hospital com ferimentos leves.

Ainda segundo a empresa, "a intervenção do agente destoa das normas determinadas pela SuperVia e constantemente reiteradas em treinamentos de seus integrantes e prestadores de serviço. Essas normas impõem respeito, principalmente à integridade dos que transitam em qualquer instalação".

Histórico de violência

A ficha corrida do histórico de violência de seguranças da SuperVia é antiga. O episódio mais emblemático ocorreu em 15 de abril de 2009, quando quatro vigilantes agrediram passageiros a pontapés e chibatadas em Madureira. O grupo tentava evitar que uma multidão embarcasse em vagões lotados, impedindo a saída de um trem. Para liberar a composição, eles atacaram os usuários. O episódio valeu à SuperVia a aplicação de uma multa de R$ 150 mil pela Agência Reguladora de Transportes Públicos.

Na véspera de Natal do ano passado, o carpinteiro Renato Silva Dias se envolveu numa confusão com o segurança Samuel Alves da Cruz, em Cascadura, e teve parte da orelha arrancada. Renato tentou embarcar com o vale-transporte de um colega e foi barrado pelo agente. Ele disse que pagou a passagem em dinheiro e foi atacado no banheiro. O caso foi registrado na 28ª DP (Campinho).

Em 2006, um passageiro processou a SuperVia por ter sido agredido por vigias da concessionária em Deodoro. A Justiça ordenou que a empresa o indenizasse em R$ 22,8 mil. Na sentença, o juiz Marcello de Sá Baptista, da 3ª Vara Cível de Madureira, relatou que a vítima sofrera "tratamento violento e humilhante" e "inegável abalo psíquico".

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