O banco pernambucano Gerador anunciou ontem a aquisição da Matriz, rede de correspondentes bancários que pertencia ao Banco Sofisa. Com o negócio, de R$ 30 milhões, o Gerador espera alavancar regionalmente a sua operação, hoje concentrada em Pernambuco, e ganhar musculatura para se tornar mais atrativo a potenciais novos sócios.

Fundada em 1999, a Matriz tem hoje 85 lojas espalhadas pelo interior de Pernambuco e pelos bairros periféricos da região metropolitana do Recife. A empresa foi adquirida em 2007 pelo Sofisa, que diante de uma nova estratégia, focada em empréstimos para pequenas e médias empresas, decidiu vender o ativo.

Atualmente, a Matriz atua no recebimento de contas e no repasse de empréstimos consignados a aposentados, função que lhe rende um faturamento anual na casa de R$ 35 milhões. Os novos donos têm um plano ambicioso de expansão, que passa por um aumento significativo tanto do número de lojas quanto do leque de operações.

O presidente do Gerador, Paulo Dalla Nora, revelou estar negociando com dois grandes bancos a oferta de uma série de produtos financeiros nas lojas da Matriz, tais como seguros, títulos de capitalização, cartões de crédito, financiamento de veículos usados e planos de previdência privada. A expectativa é de que o número de lojas chegue a 200 nos próximos 12 meses, número que já inclui a abertura de unidades em Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte.

A expansão regional da Matriz terá como norte as operações do Grupo Nordeste Segurança, sócio de Gerador e uma das maiores empresas de transporte de valores do país. "Estamos acostumados a contar e transportar dinheiro. Então, nossa expansão será bastante facilitada em termos logísticos. Apostamos muito nessa sinergia", afirmou Dalla Nora.

Sem revelar os nomes das instituições com as quais negocia parcerias, ele garantiu que a Matriz também irá vender produtos próprios do Gerador, como um cartão de crédito de baixa renda e outras modalidades de consignado. "Com essa aquisição, esperamos que nossa carteira de crédito chegue a R$ 1 bilhão em 2014. Sem a rede Matriz, ficaria em torno de R$ 600 milhões no mesmo período", calculou o executivo.

A expertise da Matriz com o público da classe C, onde o consumo cresce de forma exponencial, sobretudo no Nordeste, foi o grande atrativo para o início das negociações, há quatro meses. Para aproveitar ao máximo essa demanda e, principalmente, assegurar que a aquisição não é uma expansão disfarçada da rede de agências do banco, as lojas da Matriz também passarão a vender passagens aéreas e de ônibus, bem como recarga de celular e outros produtos não financeiros.

A logomarca da rede também será totalmente desvinculada do banco, mas receberá o nome Banorte, instituição que faliu nos anos 90 e que teve a grife comprada no ano passado pelo Gerador.

Após completar dois anos de sua fundação, o banco está em busca de novos sócios. A intenção é dobrar o capital, hoje em R$ 50 milhões. Segundo Dalla Nora, negociações com alguns fundos de investimentos, que estavam avançadas até a aquisição da Matriz, agora entrarão em banho-maria. "Esse movimento valoriza o ativo. O negócio mudou de tamanho".