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Mulheres celebram Dilma e 1ª deputada na Mesa

03 Fev

Fábio Góis

Ao chegar para entregar a mensagem presidencial ao Parlamento, na abertura da 54ª legislatura, a presidenta Dilma Rousseff era esperada ontem (quarta, 2) com ansiedade por um grupo feminino, do qual recebeu um buquê de flores. Era a Executiva Nacional do PMDB Mulher, presente à solenidade em nome de mulheres de 20 estados – quando Dilma ainda era candidata, contava com o esforço dessas peemedebistas durante a campanha eleitoral. Presidenta do grupo, Regina Perondi estava feliz por poder ver “de perto” a mulher por quem ela e suas correligionárias tanto trabalharam.

“Eu, pessoalmente, me sinto muito feliz, assim como toda a Executiva Nacional do PMDB mulher, que são companheiras de 20 estados. Elas trabalharam muito na campanha, em seus estados pró-Dilma e Michel [Temer, PMDB, vice-presidente da República]. Então, nós estamos felizes em poder vê-la de perto, aqui nesta solenidade, em que ela vem pessoalmente entregar essa mensagem para o Congresso”, disse Regina ao Congresso em Foco, sorridente ao explicar o que significava para elas testemunhar o destaque que as mulheres têm conquistado na política.

“A sociedade vai ver as mulheres que trabalham na política com outros olhos. O fato de a própria Dilma estar na Presidência da República é um orgulho pra nós, como a Rose na Câmara e a Marta Suplicy no Senado [PT-SP, 1ª vice-presidência do Senado]”, acrescentou Regina, para quem a união de parlamentares mulheres de PT e PMDB com destaque no Congresso pode servir para minimizar as divergências entre as legendas. Regina festejou ainda a eleição histórica da deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), fato inédito até ontem (terça, 1º), para a 1ª vice-Presidência da Câmara.

“Pelo que a gente acompanha, precisamos fazer apenas alguns uns ajustes nesta questão, mas acho que foi muito importante ela ter sido eleita a primeira mulher para a Mesa da Câmara. E ela é do nosso partido. A Rose de Freitas vai ser fundamental nestas tratativas, nessa negociação”, acrescentou, concluindo com o objetivo do grupo. “Nossa luta é essa: empoderar [sic] a mulher para fazê-la acreditar que pode fazer muito na política.”

Manuela e Marisa

Em lados político-ideológicos opostos, uma na Câmara e outra no Senado, a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) e a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) falaram à reportagem sobre as primeiras impressões de Dilma no Congresso. À porta do plenário da Câmara, onde tradicionalmente é realizada a cerimônia, a tucana deixou reticências sobre a razão de não ter levantado para aplaudir Dilma, ao final da leitura da mensagem presidencial – reverência feita pela quase totalidade dos parlamentares presentes, inclusive oposicionistas.

“Não foi nenhum ato de desagravo, nada disso. Claro que, em questão de gênero, fico muito feliz de ver as mulheres galgando os mais altos cargos. Independentemente da questão política, da coloração partidária, as mulheres têm de ter uma inserção maior na política, que não tem hoje. Ainda é muito pouco”, declarou a senadora.

Marisa presidiu a CPI dos Cartões Corporativos, instalada em 2008 para apurar gastos excessivos do governo federal. Na época, a tucana chegou a dizer que Dilma, então ministra da Casa Civil, mentiu em depoimento ao colegiado, ao negar a existência de um dossiê comprometedor. A oposição acusou o Planalto, na época, de elaborar o documento com a finalidade de devassar despesas feitas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pela então primeira-dama, dona Ruth Cardoso, com cartões.

Para Marisa, o importante agora é a união e o destaque feminino no cenário político. “Nós trabalhamos juntas, unidas, em torno da mesma questão, de maneira que as mulheres ascendam aos maiores cargos do país. Quanto a isso, é ótimo ter uma mulher presidente da República. Agora, eu posso concordar ou discordar das propostas e ideias dela. Isso não está atrelado à questão de gênero”, argumentou, satisfeita com duas mulheres nas Mesas de Câmara e Senado. “Há uma consciência de que somos capazes, em todas as áreas do conhecimento. Hoje, os homens estão aceitando que é impossível barrar nossa ascenção.”

Inspiração

Já a esquerdista Manuela D’Ávila disse ao site que, para além das questões de gênero, o próprio Congresso Nacional está “inspirado” nos avanços da sociedade, no que diz respeito à quebra de tabus.

“O Brasil vive um momento importante. Não é que seja apenas importante para nós deputadas ou nós mulheres. Talvez os parâmetros de emancipação e desenvolvimento da sociedade sejam justamente a igualdade de homens e mulheres. Entre negros e brancos, entre jovens e idosos, enfim, entre todas as diferenças. E o Congresso, acho que inspirado no recado que nosso povo deu ao eleger uma presidente mulher, fez com que as poucas mulheres que ainda somos – porque ainda somos minoria – ocupássemos espaços importantes dentro da Câmara e do Senado”, comentou a deputada gaúcha.

Quanto à bancada governista fortalecida na Câmara e no Senado, Manuela observa que o importante é superar divergências e fazer as reformas pendentes. “É uma maioria com muitas contradições. As mulheres não precisam de facilidades para governar. Espero que a gente consiga, dentro dessa maioria, compor uma maioria para fazer as reformas que o Brasil precisa. Essa é minha preocupação como deputada”, ponderou Manuela, definindo como se sente para o segundo mandato. “A caminhada é feita caminhando. Chego com mais convicções.”

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