Cancelar
Acesso CNTV

COLABORADOR OU EXPLORADO? QUANDO O USO DE PALAVRAS TENTAM ADOÇAR A EXPLORAÇÃO E CONFUNDIR CABEÇAS

10 Set

COLABORADOR OU EXPLORADO? QUANDO O USO DE PALAVRAS TENTAM ADOÇAR A EXPLORAÇÃO E CONFUNDIR CABEÇAS

Colaborador: Que colabora; Aquele que colabora; Co-autor;

Colaborar: Prestar colaboração; trabalhar na mesma obra; cooperar; Auxiliar, ajudar a fazer alguma coisa;

Colaboracionista: diz-se de, ou nacional dum país ocupado que apoia as forças de ocupação ou com elas colabora.

(Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa – 2ª Edição – N. Fronteira) 

 

No mundo do trabalho, vez ou outra, aparecem alguns termos, títulos, nomenclaturas, adjetivos e outras variáveis normalmente inclinada a adocicar ou apelidar algumas condições, num esforço aparentemente inocente e inofensivo, logo absorvido por alguns de nós trabalhadores.

Um exemplo disso é a expressão “colaborador”, muito usual nos tempo de hoje para classificar o “empregado”, o “operário”.

Se no tempo dos nossos antepassados éramos simplesmente “escravos ou escravas”, “mercadorias” e nem como gente éramos reconhecidos, alguns “senhores” buscavam adocicar um pouco o quadro de terror, tratando o escravo como “compadre”, “afilhado” e coisas do tipo, tentando aliviar a sua consciência, mas sem alterar a condição desumana, tampouco prover a liberdade destas pessoas. Mesmo assim estes títulos tinham uma condicionante. O escravo “amigo” tinha de colaborar e renunciar a qualquer vontade de liberdade e fuga, além de zelar e vigiar para que nenhum outro escravo fugisse ou se rebelasse.

Nos dias de hoje e no mundo do trabalho, então, o termo “colaborador” trilha o mesmo caminho, principalmente se trazido para os setores de empresas terceirizadas em geral, principalmente na vigilância, limpeza e portaria.

Num exemplo do nosso povo, na nossa cidade os escravos e as escravas que aqui viviam eram obrigados a realizarem as tarefas domesticas e ainda vender coisas ou carregar mercadorias. O resultado dos seus ganhos era entregue no final do dia, sob pena de castigo, aos seus donos. (Ganhadores – a greve negra de 1957 na Bahia – João José Reis. Companhia das Letras). 

Tem diferença com a terceirização praticada por patrões e tomadores de serviço se na vigilância e limpeza somos quase sempre mão-de-obra agenciado por um patrão que nada produz (nem um cacho de banana, nem um parafuso, nada) e lucra somente com nosso trabalho.

Aí, para aliviar as suas consciências, conferem aos empregados o titulo pomposo de COLABORADOR. E alguns de nós, sem a menor reflexão e senso crítico, reverberamos tal título como uma promoção, uma graduação.

Por sinal a nomenclatura não encontra, para o nosso caso, qualquer razão de ser no sábio Aurélio ou qualquer outro dicionário, muito menos na relação capital x trabalho, explorador x explorado até porque colaboramos com o que, auxiliamos o que e para que? Com o patrão para auferir lucro sobre o nosso sacrifício, sobre o nosso sangue? 

Quem recebe ou compartilha deste lucro?

Colaborar também significa parceria e parceiro divide responsabilidades e resultados. 

Não podemos deixar de lembrar-se de outra menção do Aurélio que é o tal “colaboracionista”, muito apropriado para esta reflexão. Aquele que colabora com o inimigo, o invasor e voltando sempre a memória e a reverencia aos nossos antepassados, o capitão do mato, o capataz, todos judas ou traidores do seu povo.

No mundo do trabalho não há lugar para este “colaborador”, quando somos tão somente explorados.

Colaborador, NÃO!

Somos TRABALHADORES!

Por José Boaventura

setembro/2020

0 comentários para "COLABORADOR OU EXPLORADO? QUANDO O USO DE PALAVRAS TENTAM ADOÇAR A EXPLORAÇÃO E CONFUNDIR CABEÇAS"
Deixar um novo comentário

Um valor � necess�rio.

Um valor � necess�rio.

Um valor � necess�rio.Mínimo de 70 caracteres, por favor, nos explique melhor.