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O estabelecimento de uma doutrina específica para o policiamento em grandes eventos é o principal desafio a ser superado pelo setor de segurança pública para a Copa do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. A avaliação é do diretor do Centro de Estudos dos Agentes Policiais da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Camilo Sales Dornelas, que participou nesta quinta-feira (10) de audiência pública para debater a rede de proteção social necessária e as políticas de acessibilidade programadas para os três eventos esportivos. Dornelas ressaltou, durante a audiência realizada pela Subcomissão Temporária para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada e a Paraolimpíada de 2016, que o policiamento em eventos de grande porte tem caráter diferente do policiamento rotineiro. Em sua avaliação, pouco foi investido nas últimas décadas na formação de policiais para lidar com turistas e os problemas típicos desses megaeventos. Para adequar policiais civis e militares a essa modalidade de policiamento, Dornelas defendeu mais investimentos em capacitação e treinamento de policiais civis e militares. - Toda essa questão de preparação da Copa do Mundo passa pelo investimento no homem. O principal e fundamental é que a gente invista no homem, no policial. Podemos até investir em tecnologia, mas o principal é o investimento em capacitação, em treinamento de forma que ele internalize essa doutrina - argumentou. Policiamento em todas as regiões Dornelas também observou que não basta intensificar o policiamento e as ações de segurança nos bairros que receberão as competições esportivas, mas reforçar o efetivo em todas as regiões das cidades. - Não basta só olhar o Maracanã. Não basta só olhar o entorno da cidade olímpica. Temos que olhar também todos os outros eventos paralelos que vão ocorrer - assinalou. Questionado pela presidente da subcomissão, vinculada à Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), senadora Lídice da Mata (PSB-BA), sobre o que tem sido feito no intuito de melhorar o preparo da polícia para esses megaeventos, Dornelas afirmou que a Polícia Civil do Rio de Janeiro já iniciou uma série de cursos de capacitação e prevê a realização de outros treinamentos até 2014. - Estamos criando um curso de capacitação para a polícia em grandes eventos.Esse curso visa capacitá-los em inglês, em espanhol e na atividade rotineira dele no contato com o turista - explicou. De acordo com o policial civil, a realização de outros eventos de grande porte como o Rock In Rio, por exemplo, também tem servido como laboratório para preparar a polícia e discutir as necessidades e as medidas a serem adotadas em eventos futuros. Opinião Pública Durante a audiência, Lídice da Mata afirmou que pesquisas de opinião sobre a preparação do Brasil para a Copa do Mundo apontam que a violência nas ruas é a principal preocupação dos brasileiros, superando a construção dos estádios e a mobilidade urbana. A senadora também citou como exemplo bem sucedido no policiamento de grandes eventos a ação integrada entre as Policiais Civil, Militar e Federal durante os Jogos Panamericanos de 2007, no Rio de Janeiro, e questionou o policial civil sobre a articulação entre essas forças para a Copa e os Jogos Olímpicos. Segundo Dornelas, algumas ações, como a criação de grupos de trabalho para discutir a preparação para as competições esportivas e seminários, têm sido realizadas. Ele também defendeu maior integração não apenas entre as forças de segurança pública, mas também entre as polícias civil e militar e as empresas de segurança privada. - As empresas de segurança privada contribuem muito para a segurança desses eventos. A segurança privada hoje no Brasil conta com um 1,6 milhão de profissionais. Se juntarmos todas as policiais do Brasil, não chegaremos a esse número - assinalou. Rodrigo Baptista / Agência Senado |