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O analista estratégico do Ministério Público Militar, coronel Diógenes Dantas prestou depoimento na CPI das Armas, nesta segunda-feira (2). A Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) pretende traçar o mapa das armas no estado. As informações são da assessoria da Alerj. “O relato do coronel mostra com muita clareza o quanto este controle [das armas] é frágil e o quanto as forças de segurança não se comunicam. É dessa fragilidade que o tráfico de armas se alimenta”, relatou o deputado Marcelo Freixo (PSOL), presidente da CPI. Segundo a Alerj, o deputado classificou como emblemática a informação de que metade das 223 armas desviadas de organizações militares no período de 2004 a 2008 em todo o Brasil foi levada de quartéis no Estado do Rio. Perguntado por Freixo sobre as razões do desvio, Dantas citou o poder das facções criminosas e admitiu deficiências na guarda dos armamentos. “Precisamos entender as razões que levam a este alto índice de desvios no estado”, disse Freixo. Dantas defendeu avanços na legislação sobre o controle de armas em mãos de caçadores e colecionadores e a capacitação do fiscalizador. “Evitando a rotatividade, implementando operações inopinadas, aumentando as programadas, não permitindo longos intervalos entre elas, enfim, são meios de se fortalecer essa atribuição”, exemplificou. Entre as informações trazidas, está a de que, quando trabalhou no Serviços de Fiscalização de Produtos Controlados (SFPC), entre 2000 e 2002, haviam 1.493 armas registradas irregularmente, para, entre outras coisas, burlar proibições da legislação em vigor na época. “Armas semiautomáticas eram registradas como de repetição, por exemplo”, citou. “Colecionadores, a segurança privada e as lojas de armas vão demandar uma grande atenção da CPI”, anunciou Freixo, que tomou o cuidado de dizer que o grupo não está sugerindo, com isso, que todo colecionador, lojista ou empresário da segurança privada tenha relação com o tráfico. “Mas, a partir do momento que não são fiscalizados, podem estar alimentando o mercado ilegal”, advertiu. Dantas disse ainda à CPI que o Rio é o terceiro estado em número de colecionadores de armas, com aproximadamente quatro mil. A portas fechadas, o militar passou para a comissão informações sobre investigações de colecionadores que teriam contribuído com o crime organizado alugando armas e de criminosos registrados como colecionadores, alguns dos exemplos de falhas no sistema de fiscalização dados por Dantas, informou a assessoria da Alerj. |